Brasília – A balança comercial brasileira poderá fechar o ano de 2021 com um superávit de US$ 69,018 bilhões, com uma alta de 33% comparativamente aos US$ 51,875 previstos para 2020, de acordo com projeção divulgada hoje (16) pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
O saldo projetado para o próximo ano resultaria de exportações de US$ 237,334 bilhões (alta de 13,7% sobre os US$ 208,791 bilhões estimados para este ano) e de importações totalizando US$ 168,316 bilhões, superiores em 7,3% aos US$ 156,916 bilhões estimados para 2020.
Segundo o presidente da AEB, José Augusto de Castro, as projeções para o comércio exterior em 2021 foram realizadas tendo como base o cenário atual, passível de oscilações, e que poderão impactar os resultados. Entre outros fatores, ele destaca os seguintes: qual impacto terá para o Brasil o atraso na vacinação da Covid-19? Efeitos da posse de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos; Como ficará a guerra comercial Estados Unidos x China? Como se comportarão as commodities neste mundo “novo normal” e seus impactos na balança comercial brasileira?
José Augusto de Castro ressalta também que as projeções poderão ser impactadas pelo fato de que as commodities estão mostrando atraentes cotações para os exportadores brasileiros mas sem uma indicação clara de manutenção dos atuais patamares de preços praticados nos mercados internacionais. Além disso, destaca, o Brasil continua altamente dependente das exportações de commodities, com os produtos manufaturados sofrendo o impacto negativo da falta de competitividade decorrente do elevado Custo-Brasil.
Em relação às exportações, a projeção da balança comercial divulgada pela AEB ressalta que independentemente do nível da taxa cambial, a competitividade das exportações de manufaturados será impactada na América do Sul, devido aos problemas políticos e/ou econômicos enfrentados pelos países da região. Nesse cenário, as exportações de commodities continuarão sendo o motor de sustentação das exportações brasileiras.
No tocante às importações, a AEB estima que a previsão de crescimento do PIB em 2020 entre 2,5% e 4% deverá mitigar o nível de desemprego, aumentar o consumo das famílias e do governo, ampliar a demanda interna e acelerar as importações.
A exemplo do que vem acontecendo nos últimos anos, também em 2021 a soja continuará sendo o carro-chefe das exportações brasileiras. A previsão da AEB é de que no próximo ano a oleaginosa vai liderar, pelo sétimo ano consecutivo, a lista dos principais produtos brasileiros de exportação, com uma receita recorde de Us$ 36,550 bilhões. Soja, petróleo e minério de ferro deverão ser responsáveis pelo recorde de 40,2% das exportações totais brasileiras projetadas para 2021, em comparação com uma participação de 35,4% no volume total exportado em 2020.
Na avaliação da AEB, sem a implantação de uma série de reformas, e a consequente redução do elevado Custo-Brasil, o Brasil não deixará de ter uma participação meramente residual (algo em torno de 1% a 1,2%) no comércio mundial.
Segundo José Augusto de Castro, “desde o ano de 2018, o Brasil está passando por transformações que, quando concluídas, deverão ter impacto positivo no Custo-Brasil e reflexos igualmente positivos nas exportações de produtos manufaturados”.
Entre as medidas, o presidente da AEB relaciona como imprescindíveis a discussão da reforma tributária e indicação da reforma administrativa; concessões e privatizações em infraestrutura dos segmentos de logística; implementação do Acordo de Facilitação do Comércio; fase final de desenvolvimento da área de importação do Portal Único de Comércio Exterior, gerando importante redução da burocracia e do seu custo e negociação de acordos comerciais com países ou blocos de maiores pesos político, econômico e comercial, entre outras.
José Augusto de Castro lembra que “estudo divulgado pelo Ministério da Economia mostrou que o Custo-Brasil consome R$ 1,5 trilhão e representa abusrdos 22% do Produto Interno Bruto brasileiro. Sem a remoção desses obstáculos e na ausência das reformas citadas, as exportações brasileiras de produtos manufaturados seguirá registrando um valor nominal inferior ao exportado em 2007”.