Após registrar fortes quedas nas exportações (-27,9%) e nas importações (-21,5%) a corrente de comércio entre o Brasil e os Estados Unidos apresenta uma forte recuperação em 2021 e até o mês de agosto a variação positiva das exportações americanas chegou a 43%, enquanto os embarques brasileiros para seu segundo maior parceiro em todo o mundo cresceram 24,5%.
Os números coincidem com os dados estatísticos computados pelo “Perfil País” elaborado pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e que apontam os Estados Unidos como o mercado mais promissor para as exportações brasileiras de produtos manufaturados.
A primeira série do “Perfil País” cobre além dos Estados Unidos a Alemanha, India, Rússia, Arábia Saudita e o Cazaquistão. Novas edições devem ser apresentadas ainda este ano. Para se ter uma ideia da relevância dos Estados Unidos como parceiro comercial do Brasil, os EUA foram selecionados como mercado-alvo de 36 dos 47 projetos setoriais envolvendo a Apex-Brasil e a grande maioria dos principais setores produtivos nacionais, destaque muito acima de qualquer outro país.
Segundo a Apex-Brasil, o estudo sintetiza informações relevantes para as empresas exportadoras e potenciais exportadores. Além do panorama macroeconômico, cobre a relação do mercado om o Brasil, identifica as oportunidades disponíveis para os empresários brasileiros, apresenta os principais concorrentes do Brasil nos mercados analisados, os setores promissores, os segmentos com investimentos produtivos relevantes, os destaques tarifários e as principais questões regulatórias
O “Perfil País” mostra que os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil nas exportações e importações mas a participação do Brasil como fornecedor ao mercado americano corresponde a apenas 1%, percentual que coloca o país numa décima-nona e pouco expressiva posição entre os principais fornecedores de bens ao maior mercado consumidor do planeta. No tocante às importações, os EUA são o segundo maior parceiro do Brasil, respondendo por 15,4% das importações totais brasileiras.
Mas o estudo indica também que os Estados Unidos são o maior mercado consumidor do planeta, com valores anuais de consumo de US$ 17,8 trilhões, mais de duas vezes maiores que os do segundo colocado, a China, com US$ 8 trilhões. De acordo com o levantamento, a economia americana cresceu em ritmo acelerado nos últimos anos, com taxas acima de 4% entre 2017 e 2019, tendo caído 3,5% em 2020. Para 2021, a previsão de expansão econômica é de 5,5%, superando o PIB de 2019.
Ao contrário do que acontece com relação à China, principal parceiro comercial do Brasil, com as exportações brasileiras fortemente concentradas em commodities (minério de ferro soja e petróleo respondem por mais de 75% do volume total embarcado), as exportações brasileiras para o sofisticado e concorrido mercado americano são bastante diversificadas, com participação significativa e subsetores de maior valor agregado, destacando-se aviação, máquinas e equipamentos e derivados de petróleo.
De acordo com o “Perfil País”-Estados Unidos, a pandemia teve impacto sobretudo nos subsetores de equipamentos de transporte (inclusive aviação). Já os subsetores ligados ao petróleo e a minérios metálicos tiveram expansão. Um destaque positivo nos últimos cinco anos foi o crescimento de diversos subsetores relacionados a obras de madeira. O complexo, que inclui móveis e insumos, cresceu a uma taxa superior a 10% ao ano desde 2016.
Devido à proximidade geográfica, que barateia os fretes, e ao fato de serem sócios dos americanos no Acordo Estados Unidos, México e Canadá (sucessor do NAFTA e também conhecido como T-MEC), México e Canadá aparecem como principais concorrentes do Brasil em diversos subsetores. Os dois países ocupam, respectivamente, o segundo e terceiro lugares no ranking dos parceiros dos Estados Unidos, atrás apenas da China e, combinados, detêm mais de um quarto do market share.
Em 2020, entre os principais subsetores exportados pelo Brasil para o mercado americano se destacaram: produtos semimanufaturados de ferro ou aço (US$ 1,892 bilhão e 8,8% de participação nas importações totais americanas), aviões (US$ 1,480 bilhão e participação de 6,9%), óleos brutos de petróleo (US$ 1,359 bilhão e participação de 6,3%), celulose (US$ 944 milhões e participação de 44%) e café cru (US$ 929 milhões e participação de 4,3%).
No tocante às importações, o estudo da Apex-Brasil revela que as compras com origem nos Estados Unidos são majoritariamente de produtos de alto valor agregado. A pauta é significativamente mais concentrada do que as exportações brasileiras e os três maiores subsetores importados (demais derivados de petróleo, motores e turbinas, e plásticos e suas obras) representam mais de 33% do total.
Nesses setores, os Estados Unidos são o principal fornecedor do Brasil e detêm grandes fatias de mercado. No caso do subsetor de plástico e suas obras, destaca-se o rápido crescimento chinês, em uma média de 8,6% ao ano entre 2016 e 2020, o que faz da China um competidor relevante.
Desde 2016, as importações originadas nos EUA vinham em forte crescimento, em média de 13% ao ano e apesar da queda de quase 20% entre 2019 e 2020, o crescimento entre 2016 e 2020 foi positivo.
Outro destaque no intercâmbio comercial com os Estados Unidos registrou-se no setor de máquinas e aparelhos de terraplanagem, perfuração. Entre 2019 e 2020 a expansão superou 100%.
O estudo identificou 910 oportunidades comerciais para exportadores e potenciais exportadores brasileiros no mercado americano. Entre os destaques merecem ser citados petróleo e derivados, coque, gás natural, biocombustíveis e eletricidade, com importações totais de US$ 196 bilhões (o Brasil tem uma fatia de 3% de participação nos 14 produtos importados); equipamentos de transporte, com compras americanas de US$ 130 bilhões e participação brasileira de 3%; no fornecimento de produtos não classificados na indústria de transformação, com um valor importado da ordem de US$ 115 bilhões, dos quais o Brasil participa com 2%. Também foram identificadas pelo estudo da Apex-Brasil oportunidades envolvendo 743 produtos na categoria “Outros”, um mercado gigantesco de US$ 239 bilhões, no qual o Brasil já detém hoje uma participação de 7% e que pode ser ampliada.
Fonte: Comex do Brasil